domingo, 6 de maio de 2012

A independência do Haiti

A Independência e seus problemas
 Enquanto, em Paris, a guilhotina decepava as cabeças do jacobinos, em São Domingos, Dessalines e seus companheiros continuavam a defender, de armas na mão, o ideal jacobino da liberdade e igualdade de todos os homens. Eles, os jacobinos negros, permaneciam fiéis ao espírito revolucionário da Convenção de 1789. A 29 de novembro de 1803, os revolucionários negros divulgaram uma declaração preliminar de Independência. A 31 de dezembro, foi lida a Declaração de Independência definitiva. O novo Estado recebeu, no batismo, a denominação indígena de Haiti. Dessalines se tornou o primeiro chefe de Estado haitiano, sendo coroado imperador em outubro de 1804. Mercadores de Filadélfia o presentearam com uma coroa e um manto imperial trazido de Londres. Começou a governar com as bençãos dos capitalistas ingleses e americanos. Os ex-escravos, por sua vez, viram-se definitivamente livres do trabalho compulsório nas plantações de cana e nos engenhos de açúcar. Sob as presidências de Pétion e Boyer, passaram a se dedicar à tradição herdada da África, ou seja, à agricultura de subsistência. O Haiti saiu do mercado mundial do açúcar e eliminou a possibilidade de progredir em direção a um nível econômico superior. De colônia mais produtiva das Américas passou a país independente pauperizado e fora de um intercâmbio favorável na economia internacional. As dificuldades do Haiti não se deveram, com o passar do tempo, somente ao domínio da agricultura de subsistência e à ausência de perspectivas econômicas mais elevadas. Deveram-se também, e não menos, à quarentena, que lhe impuseram até mesmo as nações latino-americanas recém-emancipadas. Quando exilado, Simon Bolivar encontrou abrigo no Haiti, onde recebeu de Pétion proteção, ajuda financeira, dinheiro, armas e até uma prensa tipográfica. No entanto, Simon Bolivar excluiu o Haiti dos países latino-americanos convidados à Conferência do Panamá, em 1826. O isolamento internacional acentuou o atraso e agravou as dificuldades históricas, após uma das mais heroicas lutas emancipadoras do hemisfério ocidental. A notícia do sucesso de uma revolução de escravos no Haiti teve profunda influência na América Latina, principalmente no Brasil. O fenômeno se alastrou com o nome de haitianismo - medo das elites de que o exemplo fosse replicado.
Ao longo do século 19, o grande fluxo de escravos fez renascer o haitianismo que, em última instância, abriu caminho para a imigração. Dos 23 governantes do Haiti que se seguiram até 1915, 19 foram destituídos ou assassinados. Depois de anos de guerra, as plantações e as cidades estavam destruídas. Os trabalhadores com alguma especialização haviam fugido do país. O comércio deixou de existir. Não havia moeda. Temerosos de que a rebelião de escravos se espalhasse continente afora, as potências europeias e os Estados Unidos não reconheceram a independência da nova nação. E pior: interromperam todas as relações comerciais. O bloqueio estrangulou a economia e esfacelou o poder político. O primeiro presidente, Jean-Jacques Dessalines durou pouco mais de um ano e foi assassinado. Em seu lugar assumiu Christophe Henry, que convocou uma assembleia constituinte, em 1806, na qual defendia que os ex-escravos voltassem às plantações de cana. Outra vez o país se dividiu, Henry e suas tropas fugiram para o norte. Lá, ele se proclamou rei Henry I, construiu palácios e instalou uma corte composta de quatro príncipes, oito duques, 22 condes, 37 barões e 14 cavaleiros. A aventura durou até 1920 quando, no meio de uma grave crise financeira, greves e fome, Henry se matou com um tiro. Seu efêmero reino foi incorporado à República do Haiti. Mas a situação política não melhorou muito e o país passou por guerras civis e golpes de Estado, numa incrível média de um a cada seis meses.
Alunos dos terceiros anos, no segundo bimestre estamos trabalhando a Independência das colônias latino-americanas, o Haiti faz parte deste contexto. Vamos ler o texto, fazer comentário e postar. Bons estudos.

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